“A Gibiteca do Max”
"Começou nos anos 80, no IBEU/CE "
Entre 1998 e 2001 havia no IBEU-CE (Instituto Brasil-Estados Unidos no Ceará) da Aldeota uma coleção incrível de livros, gibis, álbuns e séries em quadrinhos -- em português, inglês, espanhol, francês e italiano -- disponíveis para consulta aos alunos da instituição e visitantes.
Tratava-se da Biblioteca de Arte Sequencial “R. F. Outcault”, homenagem ao criador da tira “Hogan’s Alley”, publicada nas páginas do jornal New York World, em 1896, na qual surgia um dos grandes símbolos-ícones das HQ: o Yellow Kid.
Para a inauguração da primeira gibiteca da cidade veio a Fortaleza o jornalista, escritor e ilustrador Álvaro de Moya, também professor da ECA-USP (Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo). Foi a oportunidade de criar um belo encontro com o também jornalista e professor do Curso de Comunicação da UFC, Geraldo Jesuíno, então diretor da Gráfica Universitária, àquela época à frente da Oficina de Quadrinhos da UFC, e com os talentos locais, destacando a editora Tupynanquim e o Studio Graph-It, em solenidade no Teatro do IBEU.
Durante a sua curta existência a “Gibiteca do IBEU” realizou eventos diversos, como palestras sobre cultura cearense e comunicação de massa, lançamentos de livros, fanzines e folhetos de cordel, pocket-shows de humor, recitais e concertos de vários gêneros musicais, exposições de quadrinhos, charge, cartum e fotografia, apresentações teatrais e performances, e mini-sessões de cinema e vídeo, destacando os profissionais cearenses do traço, da dança, da música, do teatro, do cinema de animação e do humor.
Responsável pelo acervo da gibiteca, o jornalista, psicólogo e professor do IBEU Max Krichanã recebeu dos desenhistas do Ceará o "Prêmio Carbono 14" como "Personalidade do Quadrinho Cearense 1999". Atualmente a gibiteca atende a consultoria em HQ e cultura popular no “Gabinete de Leitura – Centro de Referência em HQ”: localizado no bairro Meireles, hoje abriga centenas de volumes em vários idiomas. São histórias em quadrinhos, literatura, poesia, publicidade, psicologia, design, cordel, artes plásticas e comunicação de massa.
Antes de criar a gibiteca, Krichanã trabalhou nos jornais Folha de S.Paulo e A Gazeta Esportiva, enquanto estudava na Faculdade de Comunicação Social Casper Líbero, para a qual realizou o evento ”I Jornada Casper Líbero de Comunicação e Arte”, nas comemorações do Centenário do jornalista que fundou o primeiro curso de Comunicação do País, na São Paulo de 1947.
Depois, retornou ao jornal O Povo, onde estagiara após deixar a direção de redação do “Jornal da Praia”, periódico independente de distribuição gratuita e circulação dirigida que se destacou no mercado da publicidade cearense, trazendo a primeira página de quadrinhos exclusivamente dedicada a autores cearenses -- como Mino, Weaver, Klévisson, Newton Silva, Jefferson Portela e Rafael Limaverde, entre outros, que tiveram sua produção exposta e debatida pela Gibiteca.
Como editor do caderno “Buchicho” do O Povo, Krichanã colaborou ainda para o trabalho dos ilustradores Guabiras (indicado ao prêmio Angelo Agostini como “Melhor Cartunista de 2016”) e Denilson Albano (que além de ilustrador é DJ). Guabiras atua até hoje no jornal, ao lado do chargista Clayton e do ilustrador Carlus Campos, cujos trabalhos também foram expostos pela Gibiteca, onde ocorreram as primeiras “feiras de quadrinhos”, com a participação das gibiterias Fanzine, Revistas e Cia. e outras lojas já extintas, como a Impacto.
Ao lado dos que fazem o Estúdio Daniel Brandão e de ex-alunos da Oficina de Quadrinhos da UFC, como J.J. Marreiro e Fernando Lima, bem como do bacharel em Letras Luís Carlos Oliveira Sousa, todos estes nomes citados e muitos outros que o documentário HQ Ceará revela vêm mantendo o segmento em ebulição, na atualização e evolução da Nona Arte no Estado.
Agende uma visita ao Gabinete.
